Blog do Thiago com Textos disso e daquilo. Comentários seus já são mais que bem vindos

A Odisséia. (I)

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'Não acredito que a vida seja um morango', resmungava o homem, ao andar pelo centro de Porto Alegre numa tarde fria. 'O que diabos essas pessoas vêem de bom na vida?' - pensou, entre outros tipos de resmungos -.
Na verdade, o homem foi assim por nunca ter tido amor. Por ter alimentado dentro de si um ódio mortal pelas pessoas, depois que fora abandonado na juventude. Vivia de bicos, num apartamento apertado. Havia tido um caso a muito tempo, mas não deu certo, a mulher o achou muito nojento. Falava alto demais, com uma voz incrívelmente fina, levando em conta à sua estatura, relativamente pequena.
Ultimamente, as coisas não andavam muito bem para ele, que perdera seu emprego, estando prestes a ser despejado de seu apartamento.
Acreditava ser poeta, riscava tudo que podia. Passoupela praça da Alfândega. Lembrou-se de quando era uma praça de renome, quando viu Mário caminhar por ali. Então rabiscou no banco, um verso:

'Os profetas uma vez disseram,
que o fim do mundo estava por vir.
Em material, ainda não acabaram,
mas em coração dá para sentir'

'Ach, um dia serei publicado...' disse o homem, secando seu ranho com a manga, estava gripado para piorar a situação.
Não agüentava ver o mundo como era, queria mudar, segundo ele, Na verdade, queria mudar apenas seu mundinho partícular. Queria ser rico, um poeta famoso, e não um pé-rapado, sem dinheiro.
Continuou caminhando, foi até a entrada do centro de Porto Alegre, e viu aquelas pixações nas paredes, de anarquismo, contra os políticos, chamando-os de porcos.
Idiotas - Logo pensou - Mas depois prontificou-se a tirar sua caneta do bolso para rabiscar na parede outro verso.

'Revolução, revolução!
Melhoria radical, felicidade.
Mas na verdade,
Pura destruição'

'Hei de ser publicado!' disse mais uma vez, antes de dirigir-se para casa, tinha que ver se tinha pão, senão passaria o dia sem comer.

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